24 de outubro de 2007

17 de outubro de 2007

Sobre P.


Dias ruins...
Há uma semana recebo a visita de um ex residente querido, muito querido, que me pede para traqueostomizar seu pai, que está na UTI, após grave complicação de uma cirurgia curativa de câncer.
- Claro que sim! Fique tranqüilo, farei o que for preciso por ele.

Vou até a UTI e fico sabendo que o pai dele está em condições gravíssimas. Olho para ele, no respirador, e fico imaginando se será benéfico o que me pedem. Fico pensando se ele já não seria um paciente de cuidados paliativos.
Logo no dia seguinte fico sabendo que ele não tem condições clínicas para o procedimento. Falece dois dias depois.

Hoje, na mesma UTI, chego para conversar com meu colega que havia viajado, enquanto aguardo a hora da minha próxima cirurgia, e não me dou conta que alguns homens bem arrumados, de terno e gravata, conversam sobre um paciente. Um deles me olha e sorri. reconheço P., que fez residência médica comigo. Ele era um ano na minha frente e era filho do médico chefe. Vou na sua direção e ele me abraça. O mesmo olhar triste de tantos anos atrás. Diz que veio porque seu pai está morrendo. Fico aflita e confesso que tinha medo que me chamassem para realizar algum procedimento no pai dele, mas ele me tranquiliza:
- Não queremos nenhum procedimento invasivo.
- Que bom! Hoje eu sou paliativista.
Ele sorri. Falamos um pouco de nossas vidas...Ele tem dois filhos americanos e me pergunta:
- Filhos?
- Não.
- Fez muito bem.
Fico atônita! Daí ele me sorri, me abraça de novo e nos despedimos.

O mesmo olhar triste.
Ele sempre foi um menino triste, sempre tentando agradar ao pai, que o humilhava na nossa frente. Talvez por isso eu não tenha enxergado que ele era ruim, como muitas pessoas diziam. Talvez porque ele tenha me tratado com carinho e respeito, porque sempre foi assim que eu o tratei.

Tristeza. Eram tantos sonhos que tínhamos. Será que ele realizou os deles? Muitos, quem sabe. Mas ainda consegui enxergar aquele olhar triste...

14 de outubro de 2007

Dalí...


Tenho preferido o azul ao preto. Depois do azul gosto de todos os tons do lilás ao roxo.
Ando numa fase de mudanças boas.
Ando numa fase de sentir saudades dos amigos que andam sumidos. Ou eu sumi, não sei...