30 de maio de 2007

nada mudou...

henri cartier-bresson
paris. boulevard diderot. 1969

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continuo triste...

mas eu acho que esta tristeza é preocupação pelo que acontecerá. e também pela falta que sinto de pessoas queridas que não mais vejo, nem ouço, sequer leio.

como todo paciente que vai ser operado, eu também passo pelas mesmas angústias e dúvidas, apesar de ter conhecimento suficiente. sinto um misto de medo e carência. uma necessidade de colo, de acolhimento, de conforto e de alguém me dizendo que tudo ficará bem.

29 de maio de 2007

pausa para pensar...

henri cartier-bresson
new york city. manhattan. downtown. 1947


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existe uma coisa que me entristece muito. é descobrir que uma pessoa que eu achava bacana não passa de um arrogante, que se acha dono da verdade, que julga as pessoas. fiquei triste com esta descoberta. mas vai passar.

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28 de maio de 2007

hoje...

eu contei para um dos meus pacientes , daqueles que acompanho há mais de cinco anos, que vou me ausentar para fazer uma operação. ele me olhou espantado:
- mas como, doutora. médico não pode ficar doente. tem que ter a saúde muito boa para poder nos tratar. isto não está certo.
achei que fosse brincadeira dele, mas ele falava sério.
deu uma tristeza ouvir aquilo, porque ele não me considerava tanto quanto eu sempre o considerei. como um ser humano que sofre, chora, tem dor de barriga, cáries.
que merda. tantos anos de esforço, dedicação, estudo, abandono da vida pessoal, para ouvir uma merda desta.
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em contrapartida recebi muito carinho da família de um paciente que está em processo de morte. a mulher dele me achou abatida e, para meu espanto, veio me acolher. a gente tem cada surpresa...
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este mês nós teremos lua azul. é a segunda lua cheia dentro do mesmo mês e acontecerá às 22:04 h do dia 31.
senti saudade de você, que operou seus olhos próximos de uma lua azul. nem se lembra da data, mas foi no dia do meu aniversário. pena que tenha desistido de mim...mas quem perdeu foi você.

27 de maio de 2007

les invasions barbares...


depois de um ano e meio fazendo cuidados paliativos, mudei de idéia em relação à morte do rémy, no filme as invasões bárbaras. pensando bem, o denis arcand poderia ter explorado o conceito de cuidados paliativos, visto que no canadá já existe a especialidade medicina paliativa. e não o fez. preferiu fazer aquela cena de suicídio assistido.
rémy tinha dor, mas era controlada. e tinha uma boa qualidade de vida. porém, um ponto forte no filme, na minha opinião, foi o resgate entre mãe e filha , diane e nathalie, que acontece e pouca gente citou. a moça, viciada em heroína se reconcilia com a mãe e entra num programa para abandonar o vício. lembram-se que ela entra numa espécie de farmácia e o cara faz com que ela tome um frasco de metadona na frente dele? aquilo sim, foi bárbaro!
apesar das minhas mudanças, ainda acho que é um filme bonito sobre a amizade, bien sûr...
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( imagens: a primeira foto temos nathalie usando heroína com rémy; na segunda, despedida de sébastien e rémy - filho e pai )
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veja o trailer aqui.

24 de maio de 2007

na falta de girassóis...


acordei pensativa, mais que o habitual. efeito van gogh, a melancolia de suas cartas para théo, seu irmão, talvez tenham me atingido.
daí voltei um pouco para o livro que conta sobre sartre e beauvoir. enjoei logo...

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revi beleza roubada, do bertolucci. muitas semelhanças com pessoas reais ao observar melhor alguns personagens. semelhanças físicas, eu quero dizer.
o filme é muito bonito, a fotografia é belíssima, o elenco é bárbaro. jeremy irons como um moribundo é sensacional. pena que ele é transferido ao hospital para lá morrer. bonito seria se ele morresse naquela paisagem, na toscana, entre seus amigos.


( imagem: reuteurs)

20 de maio de 2007

mais livros...

não vivo sem.
não posso passar perto de livraria. entro e compro algum livro. lembra daquela campanha que inventaram de abandonar um livro? eu não aderi, não conseguiria me desfazer dos meus livros.
hoje eu comprei cartas a théo, do van gogh. fiquei encantada com a história dele depois de assistir aquele simpósio de arte e dor.
( cafe at night - vincent van gogh )

19 de maio de 2007

...

o curso acabou hoje, só reafirmando que fiz a escolha certa.
a segunda parte é só no próximo mês.
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faz um frio maravilhoso...



( vladimir kush - morning butterfly )

18 de maio de 2007

...


( green apple - vladimir kush )
segundo dia...
a gente vê que está fazendo a coisa da maneira certa.

17 de maio de 2007

...

( vladimir kush - soul plexus )

16 de maio de 2007

message personnel

para os nostálgicos...

14 de maio de 2007

overdose papal e cuidados paliativos

finito est.


quinta-feira eu começo a fazer o primeiro módulo do curso básico de cuidados paliativos. o programa não tem nada de novo para mim, nem para a grande maioria inscrita, porém temos de fazê-lo para podermos nos inscrever no avançado, que começará em junho. será ministrado pelo grupo da argentina e é o único curso com valor na américa latina.

no ano passado escrevi um e-mail para eles querendo informações sobre o curso, que é dado em buenos aires. eles foram muito simpáticos comigo, me responderam em dois dias. gosto dos argentinos. acho que a minha amostra é viciada.

o papa joão paulo II optou por cuidados paliativos no final de sua vida, assim como mário covas. lembrei disso agora, talvez efeito da overdose...

(foto: bruno abreu)

12 de maio de 2007

céus...

céu azul, com nuvens, de todo jeito, de todo lugar aqui...o da foto é da toscana.
lembro de um céu bonito assim, com lua e todo estrelado na sicília. fiquei deitada na areia de uma praia qualquer da catania, só me lembro que tinha mais pedras que areia. tempo legal aquele. sonhei que havia escrito três estórias sobre escolhas. acordei cansada, catei papel e lápis e rascunhei os sonhos.
o céu está bem azul, calor até umas 14:00h, mas agora já caiu a temperatura. dá para notar, porque a gata fica toda arrepidada, como se fosse um gambá. pena que os gatos não aceitam usar roupinha, feito aquelas que as madames colocam em seus pets. não é porque a roupinha é ridícula, e sim por perderem o equilíbrio.
gatos são seres estranhos mesmo...



o congresso acabou hoje, na hora do almoço. de tudo, o que mais gostei foi a visão de um intensivista sobre a dor e o paciente. fiquei encantada com a palestra, depois soube que ele é paliativista. só podia ser...
fora o simpósio da dor de van gogh.

10 de maio de 2007

frio, papa e trânsito

frio aqui, mais que ontem, acho.
o sol apareceu, mas ainda surgem nuvens escuras no céu.
o trânsito da cidade, sem comentários. porém, acho que quando o bush esteve aqui a coisa foi bem pior.
eu estava perto da rebouças agorinha, mas não vi o papa passar.


acho interessante algumas manifestações contra a vinda dele de pessoas que não são católicas. uma raiva besta que eu não entendo. não sou católica, mas eu respeito o fato do papa visitar o brasil, seja lá por qual motivo. ontem, a secretária do meu dentista, que não é católica, falava com desdém. achei aquilo bobo, nem dei conversa. se eu respeitei a vinda do bush, por que eu não respeitaria a do papa? só não gosto da touca vermelha que ele usa com pêlo de bicho. ah, podia não usar...



fazendo um congresso sobre dor. o assunto é pesado, mas assisti uma palestra na hora do almoço que foi sensacional, sobre arte e dor. foi mostrada uma tese sobre a loucura de van gogh. linda, mas linda! eu adorei, enquanto um distinto colega dormia naquelas cadeiras confortáveis, com a bela desculpa do sono pós-prandial. tenha dó, vá tomar um café! é muita falta de educação.
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[foto:apu gomes/folha imagem (papa passando pela avenida rebouças, hoje)]
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22:00 e tanto: alguém me ensina a clicar nos links e fazer com que este abra numa outra janela?

9 de maio de 2007

frio...

são paulo acordou com um frio delicioso.
adoro o tempo assim, menos o cinza, que deixa a gente meio triste. porém, como ficarei num local onde não há janelas durante a tarde toda, não verei a tristeza do dia.
mas à noite tem festa!
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(foto: blue velvet - autor dolce vita)

8 de maio de 2007

fala


tudo
será difícil de dizer:
a palavra real
nunca é suave.


tudo será duro:
luz impiedosa
excessiva vivência
consciência demais do ser.

tudo será
capaz de ferir. será
agressivamente real.
tão real que nos despedaça.


não há piedade nos signos
e nem no amor: o ser
é excessivamente lúcido
e a palavra é densa e nos fere.


(toda palavra é crueldade)


in: poesia reunida, orides fontela, editora cosacnaify, são paulo, 2006, página 31

(foto: joão da silva pinto)

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22:38 - ouvindo madredeus, as ilha dos açores. bela trilha, combina com a chuva que cai lá fora.

7 de maio de 2007

les yeux...

(foto: airam-xu)

o chapéu é roxo, mas poderia ser azul. ou bege caramelado, ou mesmo azul esverdeado.
vermelho acho que seria impossível.
é, acho que seria mesmo azul esverdeado...

6 de maio de 2007

dimanche...

domingo cheio de preguiça. até coloquei o relógio para tocar cedinho, mas obviamente ele foi desligado ao primeiro toque que eu nem me lembro.
o dia está meio morno, sol se escondendo, nem sei se está frio.
vou lá descobrir...


14:16 - olha que mico! são paulo se acha a capital da cultura nesse país e acontecem coisas assim.





[ crédito da foto: mastrangelo reino/folha imagem]

5 de maio de 2007

virada cultural

começa a virada cultural, a nossa nuit blanche.

dicas:
esculturas da pinacoteca no parque da luz
pinacoteca do Estado
artes plásticas: sob uma nova luz
05/05/2007
19h, 21h e 23h

cia. manicômicos
pinacoteca do estado
teatr0: perfeição, quando a tempestade nasce das luzes
05/05/2007 - 20h

alguém topa?




pinacoteca do estado, são paulo.
[foto nelson kon]

4 de maio de 2007

tiramisù

hoje eu estou com vontade de falar em doces.
vou falar um pouco de um doce italiano maravilhoso, o tiramisù, uma sobremesa italiana que eu adoro! o melhor tiramisù que eu comi foi numa doceria escondida no bairro de trastevere, em roma. nunca vi nada igual! completamente afrodisíaca!
conta a lenda que, entre um encontro e outro, as cortesãs de veneza, no século XIX costumavam se recuperar comendo esta sobremesa. o tiramisù é originário da toscana e significa "ajuda-me a levantar." sugestivo, não? é, mas era para elas se fortificarem...
o doce é feito com mascarpone, um queijo cremoso da região da lombardia produzido a partir do leite de vacas alimentadas com uma ração especial de ervas e flores. se você substituir o mascarpone um queijo semelhante (se é que existe), não fica a mesma coisa.
além do mascarpone, você precisa do marsala, um vinho tinto siciliano. não abro mão....
ingredientes:
- 1/2kg de mascarpone
- 8 colheres (sopa) de açúcar
- 4 gemas
- 1 colher (chá) de essência de baunilha - 2 claras
- 1 xícara (chá) de café forte - 4 colheres (sopa) de marsala
- 18 biscoitos champanhe inglês - 6 colheres (sopa) de chocolate meio amargo ralado
modo de preparo:
bata o açúcar, as gemas e a baunilha por 5 minutos. cozinhe, em banho-maria, por 10 minutos, mexendo de vez em quando. retire do fogo e bata o creme, com um batedor manual, por 5 minutos. junte o mascarpone e as claras em neve e mexa delicadamente até ficar homogêneo. leve à geladeira e reserve. misture numa tigela refratária grande o café e o marsala e umedeça os biscoitos. distribua-os no fundo de 6 taças, coloque o creme e polvilhe o chocolate. leve à geladeira por 1 hora e sirva em seguida.
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(a imagem foi tirada daqui)

3 de maio de 2007

le canard...

olho para o lago e vejo um monte de aves barulhentas. algumas vinham em nossa direção. daí eu localizo um que era igualzinho ao pato canadense, sabe qual? aquele que é ave símbolo do canadá? mas é claro que era outro tipo de pato. ou ganso, sei lá.
pois chego bem perto do bicho e comento com o vendedor de água de côco:
- ai, que lindo, moço! não parece um pato canadense?
- dona, cuidado que ele ataca.
imagina um bicho daquele tamanho atacar alguém, eu pensei. uma pato-ganso-canadense-paulistano-manso.
resolvo tirar uma foto de celular do bicho e chego bem pertinho, mas o moço do côco não pára de gritar que o bicho vai me atacar.
e o animal veio mesmo. levei uma bicada, de leve, mas levei.
ainda bem que havia pouca gente por perto, mas foi o suficiente para ele gargalhar até não poder mais.

2 de maio de 2007

maria helena viera da silva

enquanto o povo se engalfinhava, batia boca na fila para as exposições da oca, preferi ir ao mam ontem.
vi a exposição de maria helena vieira da silva, portuguesa que se naturalizou francesa e viveu no brasil no período de 40-47, quando fez trabalhos belíssimos. na realidade, ela foge com seu marido para cá, na época em que era perseguida, juntamente com ele, que também artista plástico, arpad szenes.
têm telas belas, tem o pão de açúcar, têm fotos da época interessantíssimas. e todo esse prazer por 5,50.

1 de maio de 2007

le parc...


dia do trabalho, sem trabalho. daí serão mais 14 dias longe de um dos hospitais. e eu digo:
- graças a deus!
daí abro o outlook e vejo a resposta de um amigo sobre o e-mail que compara o trabalho dos médicos com o das putas. ele me responde:
- hehehe... tá desiludida com a profissão, é?
estou, mon cher. e já faz muito tempo. não é porque eu sou uma profissional correta (para não dizer que sou boa no que faço, pois ia parecer pedantismo. pronto! já pareceu) que eu estou feliz com o que faço. não estou.
infelizmente não tenho um plano b.
parque do ibirapuera à vista!

bom, o parque estava lindo, cheio de gente bonita, de todas as classes sociais. tinha de tudo um pouco. acabei no mam, porque ver exposição do corpo humano na oca não seria novidade alguma para mim, né? já dissequei muito corpo humano na faculdade.


comprei um berloque de prata no mam, lindo. é um macaco, mas eu achei mais parecido com a minha gata, a penélope.
às vezes eu penso que ela é um macaco. ela se acha, com toda certeza!