31 de julho de 2008

dia cinza. plantão mais ou menos calmo. não sei mais se tenho rinite, traqueíte ou qualquer outra "ite". talvez seja só tempo, mas pode ser que seja também pela reforma do hospital: tem muita poeira lá. tem uma paciente que está em coma há mais de dois anos. ela teve acidente vascular cerebral mais de seis vezes. eu disse seis vezes. estado vegetativo, cheia de tubos, sondas, respiração artificial. precisa de drogas para o coração funcionar e agora seu rim está, finalmente, entrando em colapso. mas seus filhos simplesmente não aceitam e querem que ela "sobreviva" de qualquer maneira. é claro que isto não é viver. mas eles não aceitam, parece que gostam que ela sofra, que querem que ela sofra. a coisa toda virou um tormento.
mas o fato é que estou farta!

notei que ninguém mais entra por aqui. comprovação da teoria de que se você tem blog, tem de visitar outros blogs e comentar. tem de deixar rastros, caso contrário ninguém se lembra de você. chato, eu acho.

mas não tem nada não. vou continuar com o estilo diário por aqui. sem amarguras, bîen sûr.

_________________________________


assisti antes de partir. talvez eu estivesse precisando chorar um pouco, mas o caso é que eu chorei muito, mas tanto, que os gatos se assustaram. eles fazem uma lista de coisas para fazer antes de partir (assim que os paliativistas falam: partir). bacana. triste, mas muito bom.
(imagem acima é uma cena do filme)

29 de julho de 2008


estou com síndrome de burnout, só pode ser burnout. engraçado é que demorei a ter a síndrome desde que comecei a trabalhar como paliativista, dois anos e meio para mais. como cirurgiã era uma vez a cada dois/três meses. eu me sentia sobrecarregada, como o Atlas carregando o mundo quando tinha que decidir/mudar uma tática operatória...
mas que assunto chato!


meu gatinho siamês está crescendo e mostrando suas garras. resmungão, só faz o que quer. se não pode, fica miando/resmungando. lindo, com seus olhinhos azuis desbotados.

alguém já me disse alguma vez que tinha olhos azuis desbotados. faz muito, muito tempo.