13 de julho de 2007

Vivenciar...


... uma experiência que você vive no seu dia-a-dia, porém, do outro lado.

Fui operada.

A anestesia é um hiato na minha existência. É uma sensação estranha, que sinto até agora. Só sei que não me recordo de nada. Claro que foi efeito do midazolam, mas eu achava que poderia manter o controle da situação até o momento que me deitei na mesa operatória, apertei a mão do meu cirurgião, pedi para ele não me operar (juro! eu me lembro que pedi isto) e não vi mais nada.

Voltei à órbita duas horas depois, com minha anestesista (maravilhosa!) ao meu lado, falando comigo. Não senti nem quando ela retirou a sonda do meu nariz. Incrível!

Os muitos "amigos" que se ofereceram para me ajudar, bom....sumiram todos. Surgiram pessoas que eu nunca imaginei que se preocupassem comigo. E isto me deixa feliz, porque me fez enxergar tanta gente bacana que vivia ao meu redor e eu nem notava.

Agora peno, pois não posso me alimentar de nada sólido. Sinto desconforto. É um aperto ruim que dá no peito. Vai passar gradativamente, eu sei, mas está complicado conviver com isto. Faz-me pensar nos meus próprios pacientes, quando a doença deles volta e eles não conseguem se alimentar. Fez-me lembrar de um paciente que eu tive, anos atrás, que não podia comer nada, usava uma gastrostomia. Tudo de gostoso que ele tinha vontade de comer, ele trazia para mim. E eu não conseguia comer, porque pensava na aflição dele.

Aconselho aos meus colegas a mudarem de lado um pouco. Claro que não desejo uma doença a algum deles, mas que eles tentem se colocar do lado de cá. Do lado que eu estou agora.

________________________________________

Fiz uma lista de coisas que eu pretendo fazer, enquanto eu estive internada. Aqui está uma parte do que eu quero fazer.


- visitar a Pinacoteca e aquele café bacana que tem lá;

- voltar à Livraria Francesa, do centro da cidade, de metrô. Na volta, passar por aquele prédio da Light, que é lindo!

- ler a Montanha Mágica;

- estudar espanhol (já comprei livros e pretendo estudar sozinha, acho que dou conta);

- ir mais ao cinema...como antigamente;

- tomar mais chá de jasmim inglês com o meu amigo J. (il est très chic!);

- mandar aquela música que circula pela internet, vai tomar no c., para um monte de babacas;

- voltar para o Pilates (só depois de 3 meses de operada! absurdo!);

- voltar a comprar na Cultura, pessoalmente;

- esquecer você, R.;

- voltar a Paris.


8 comentários:

Anônimo disse...

Olá!
o que acabei delêr me deixou a chorar e sabes pq? há uns anos atrás tive a morrer com uma gravidez ectópica tmb disse ao meu médico k nao keria ser operada e ele me disse k se não o fosse k morria. neste momento tenho a trompa direita , os ovarios e 38 anos e acredito k já não vou ser mâe e era um sonho que acalentava e k não se vai realizar. kuanto aos amigos sempre me apoiaram e os conservo dentro do meu coração,mas tmb concordo contigo kndo dizes k por vezes as pessoas k a gente julga não serem tão importantes na nossa vida ,são as k mais nos ajudam e nos apoiam. te desejo tudo de bom amiga . se kiseres dá uma olhada no meu blog k é com poemas feitos por mim e algumas fotos minhas tmb.eu vou continuar a te visitar e te dar uma palavra amiga.
http://paixoeseencantos.blogs.sapo.pt
bjos
Carla Granja

Anônimo disse...

Minha amiga, não fiquei sabendo de nada! Tb, como poderia? Sempre esqueço que a gente ainda nem se viu pessoalmente! Mas sinta meu afeto, daqui, do lado de cá da tela, viu? Te beijo e, precisando, tô aqui!

Marie Jeanne Sermoud disse...

Bom saber que tudo deu certo e que você se recupera bem. A vida é assim mesmo né querida? Não é dos que estão, mas dos que sempre estão a chegar.

Beijo grande!

Beth Kasper disse...

Sei lá onde você mora...nem se estás deste lado do Atlântico. mas saiba que torço para que teus amigos voltem e que sua recuparação seja rápida pois tenho certeza que seus pacientes sentem falta de você.
Obrigada pelos comentários e quanto à foto das flores, sim, é minha. Comprei o ramo assim como estão na foto, numa feira ecológica que há em Porto Alegre aos sábados pela manhã.
Se morasses aqui, juro que compraria um igual e te levaria de presente.
Beijão pra você

Anônimo disse...

Minha querida, queridíssima
E eu sem saber de nada.
Me sinto inútil, juro.
Por favor, coloque nas suas intenções e futuras ações: Conhecer a Meg , afinal nós merecemos isso, não é por estarmos na nossa presença;-)
Fique boa e coma tudo, tudinho do bom e do melhor.
Esqueça quem ou o que tiver que esquecer: afinal a Vida é novo a cada momento, lição que eu preciso aprender.
beijos e todo o meu carinho.
Masi não digo, pois seria repetir clichês.
Meguita, com carinho.

Liv Araújo disse...

Alma,
quando chegares lá, me manda um postal. ;-)
Acho que a experiência de ser operada é uma espécie de viagem. Você nem percebe que viajou, mas quando vê, está tudo diferente. Uma espécie de abdução. Eu passei por duas cirurgias na vida. E a única pessoa que esteve ao meu lado na última vez, foi minha mãe. Trocamos mil idéias enquanto eu não tinha alta e houve até algumas revelações. Acho que, depois daquilo, eu nunca mais fui a mesma. Estranho, né? Estimo tua plena recuperação! Incluindo todo o pacote de delícias listado abaixo. :-)

Leila Silva disse...

Espero que esteja se recuperando bem. Bonne chance!
Abraços

Anônimo disse...

Bem, eu não sou boa paciente..Mas respire fundo, e de-lhe tempo pra se recuperar. Vá com calma.