Sobre o inusitado...

Hoje recebi uma ligação no celular cujo número eu não conhecia. Fiquei com receio e não atendi. A pessoa me deixou uma mensagem na caixa postal e, umas duas horas depois, fui ouvi-la.
Era a mãe de um paciente que eu tive, um garoto de 24 anos, que tinha uma doença benigna, mas muito rara, que fazia com que sua laringe ficasse quase que obstruída por um enovelado de vasos sangüíneos anômalos. Ele podia morrer sangrando, ou por insuficiência respiratória a qualquer momento.
Quando atendi este menino fiquei aflita, porque além de ser doença rara, eu não tinha qualquer experiência no caso. Tive medo dele morrer em minhas mãos e aquilo me deixou doente.
Procurei saber quem era o melhor especialista (são poucos que cuidam deste tipo de afecção), mas o cara não atendia pelo convênio do garoto.
Através de um amigo, entramos em contato com ele, que se interessou pelo caso e disse que faria o tratamento de B. no serviço dele, independente dos custos.

O que ela queria?
Queria me dizer obrigado. E disse da maneira mais gentil e delicada possível.
Disse que o garoto estava bem, ainda em tratamento e que ela não conseguia se esquecer de mim, momento algum.
Ouvir a mensagem que ela me deixou foi um acalento. Arrancou-me as lágrimas que estavam às portas de sair há dias.

Momentos de felicidade. Acho que isto é tudo na vida...