23 de abril de 2008

Sem título...


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Um comentário:

Vânia Vidal disse...

Só a foto bastaria de tão bela, mas, lembro-me de um poema:

ROTINA

Absoluto e indissociável estar em si próprio, incapaz de ir embora
Condição humana irreversível
Acorda e vê todas as coisas em seus lugares, entretanto, e ao mesmo tempo, parecem não estar
ou simplesmente nunca estiveram.
O que havia (se é que havia) se convertera em um tanto faz mesquinho e indiferente. Dessa vez,
não abriu as cortinas para sua angústia: adentrar a luz ou subverter o silêncio já não tinham a menor importância
Não agora.
Automaticamente separou o material da faculdade, a roupa, os velhos cadernos
a água, o pó, o filtro
Ao desempenhar a tarefa, não pensa
coexiste ao silêncio da casa (dentro e fora), ao vazio por sobre os objetos imóveis, observáveis
Não tinham a menor importância, não mais.
Novamente o enjôo pelo café tomado no escuro, em pé, diante da mesa de seis lugares (todos vazios)
em que dispunha pequenos objetos para ninguém
Acende um cigarro e traga com o ar que lhe dói por dentro o cotidiano delimitado e atuante em que ele não encontra espaço.
Outro dia: devastar, driblar o tremor das mãos, morrer um pouco, enfrentar o redividir de células e nervos, envelhecer
Antes de sair, inventa não sabe de onde um sorriso para o retrato do avô. Curtas lembranças.
Única pessoa viva, ainda. Vende a alma pela cômoda tranqüilidade de outro.
Inexorável estar em si mesmo, incapaz de ir embora, encobre a desolação.
Abre a porta, testemunha o mundo e a vê.

Texto: wwww.alemdaborda.blogspot.com

Não se espantem! Eu apareço antes do sol e parto quando ele chega.

Adoro este espaço, parabéns!
abraço desconhecido
V.